terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Inquisidor - Romanos 2:1-11

Se no primeiro capítulo de Romanos podemos perceber a manifestação dos que se satisfazem com a imoralidade e não se importam com a maldade, a justificam e a incentivam, dos que vivem um padrão de vida hedonista, onde o que importa é a sua felicidade, a qualquer custo; agora, no capítulo 2, percebemos uma faceta que pode se acrescentar à primeira ou que pode se manifestar isolada ou progressivamente (do primeiro estado para o segundo) em nossa condição moral e espiritual, a do inquisidor hipócrita.

Antes, gostaria de expor que a questão em jogo é um problema espiritual e moral, mas não uma mera questão moralista, inclusive, este é o equívoco que se apresenta nesta segunda parte. O moralista é aquele que se acha mais justo do que todos e por isso perverte o bem moral, convertendo-se no juiz de tudo e de todos, acrescentando-se a hipocrisia, de ser juiz e transgressor:

Rm.2.1 - Portanto, és inescusável, ó homem, qualquer que sejas, quando julgas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu que julgas, praticas o mesmo.

De certa forma, temos uma continuidade do equívoco de se colocar no lugar do Criador e assumir uma prerrogativa que a Ele pertence e somente Ele pode exercer de forma perfeita e absoluta:

Rm.2:2 - E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que tais coisas praticam.

Nós não devemos ser juízes dos outros porque estamos na mesma condição, somos passíveis do mesmo mal e capazes de maldades equivalentes ou piores. O que trava o nosso julgamento não é algo do tipo: "isso não é de fato mau" ou "a intenção foi boa". Não! Devemos ser capazes de discernir o que é mau e o que é bom, à luz de Deus e Sua vontade, lembre-se do "indesculpável" da primeira parte, não podemos retornar a insensibilidade do hedonista.

Mas um dos pontos centrais de Romanos 2 é o que tanto Cristo condenou: a hipocrisia. A capacidade de ver o cisco no olho do outro e não ver a trave no seu próprio. No versículo 3, vemos que ser tão capaz e intencional em perceber a falta do outro, não é uma camuflagem suficiente para escapar do juízo de Deus. Debaixo da límpida toga de juiz, ainda permanece a roupa suja do gênero humano.

Rm.2:3 - E tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?

Quando normalmente se elevamos moral ou religiosamente, tendemos a ver em nossa piedade a autoridade, que emana da suposta capacidade em ser bom por si mesmo, como o princípio pelo qual podemos e devemos exigir a justiça e a bondade dos outros. Dois pontos: 1) esta moral ou religião é um remendo mal dado ou um paliativo que se mostrará ineficaz. Ou seja, se você ainda estiver num caminho de justiça própria e não da justiça de Deus em Cristo, estará labutando em vão. 2) o caminho da justiça de Deus é fornecido por Ele mesmo, é Deus quem te conduz ao arrependimento, você não é capaz de chegar lá por si mesmo. Você é chamado para reconhecer a bondade e a paciência de Deus por suas próprias maldades e ser um arrependido, penitente e não um juiz.

Rm.2:4 - Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te conduz ao arrependimento?
5. Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus,
6. que retribuirá a cada um segundo as suas obras;

Antes, precisamos chegar ao conhecimento da nossa maldade, da bondade de Deus para, então, estarmos habilitados para a prática do bem, que não tem o objetivo de persuadir Deus de nossa bondade e justiça ou de nos elevar sobre o nosso próximo, mas de confirmar o nosso desejo de vida eterna em comunhão com Deus, de satisfazer Àquele que é o nosso Criador, certo de que não há maior honra e glória do que poder estar em paz na Sua presença e com Ele.

Rm.2:7 - a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória, e honra e incorrupção;

8. mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade;

9. tribulação e angústia sobre a alma de todo homem que pratica o mal, primeiramente do judeu, e também do grego;

10. glória, porém, e honra e paz a todo aquele que pratica o bem, primeiramente ao judeu, e também ao grego;

11. pois para com Deus não há acepção de pessoas. - Bíblia JFA

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